segunda-feira, 11 de maio de 2009

Qual é o seu sonho?


Legendas do vídeo “Qual é o seu sonho?”
http://www.youtube.com/watch?v=KiWJIDSXDHI

Oi! Eu tenho uma pergunta pra você: Qual é o seu sonho?
Se for necessário, acione Legenda Oculta.

Se você possui uma diferença funcional, certamente já te perguntaram “o que aconteceu com você”. Certa vez, respondendo a essa mesma pergunta, quando revelei o que havia acontecido, perguntaram-me se o acidente me impediu de realizar algum sonho, afinal eu tinha apenas 20 anos quando tudo aconteceu. É claro que alguns sonhos ficaram para trás, mas outros resistiram ou foram reinventados. E novos sonhos foram nascendo, já que ninguém perde a capacidade de sonhar.

As diferenças funcionais costumam ser encaradas como fatos que aniquilam todos os nossos sonhos. Para mim, e para muitos outros, essa percepção negativa é falsa. Nossas diferenças funcionais não destroem nossos sonhos, embora um ou outro pareça impossível em função de limitações que extrapolam a nossa vontade, como as características ou limitações do corpo, os obstáculos do meio físico, a exclusão social, ou os limites da própria ciência.

Abolir as limitações do corpo é um sonho acalentado por muitos e, ao que tudo indica, esse sonho há de se realizar, tendo em vista os recentes avanços tecnológicos. O que poderia ser apenas um sonho torna-se um pesadelo para muitos que deixam de viver intensamente a vida para tão somente esperar que o sonho de voltar a ser como antes, de alguma forma, se realize. Há pessoas com diferença funcional que adiam tudo para o futuro acreditando que para se viver, sonhar e realizar, é preciso antes modificar o padrão de funcionamento do próprio corpo. Bem, seja por milagre, seja pelo avanço das ciências, ou pelo que for, onde quer que esteja ancorada nossa esperança, crença ou desejo, a espera pode ser longa e pode até não acontecer da mesma forma para todos.

Depois de mais de duas décadas como cadeirante, aprendi que não é a condição física que paralisa uma pessoa. Aprendi também, e estou convicto, que uma cadeira de rodas não atropela nem destrói nossos sonhos. Reconheço e sei o quanto é difícil superar barreiras físicas, econômicas e sociais. Mas, nenhuma dessas barreiras é tão poderosa quanto as barreiras psicológicas criadas pela própria pessoa. As barreiras internas, estas sim, podem destruir sonhos e paralisar a vida de qualquer pessoa.

Acidentes de carro parecem trazer a morte de carona, por isso sobreviver a um acidente deveria ser entendido como um renascimento. Nós, supostas vítimas, determinamos o sentido desses incidentes. A partir deles, muitos se fecham e vivem presos ao passado, enquanto outros se erguem ávidos por novos sonhos, novos vôos e fazem a vida acontecer.

Partir para novos vôos, traçar novas metas ou sonhar novos sonhos é sempre possível, mesmo para aqueles que um dia se fecharam para a vida. Quando deixamos de acreditar em nossos sonhos, o mais simples deles pode parecer ousado demais, ou mesmo impossível, como se nossa capacidade de realização estivesse aniquilada.

Muitos sonhos se perdem não por serem impossíveis ou absurdos. De fato, sonhar é bem mais simples do que realizar. Construímos nossos sonhos sem o menor trabalho, mas, é muito pouco provável que algum sonho se concretize espontaneamente. É tarefa minha e sua a realização de qualquer sonho. Se o acaso, as circunstâncias ou mesmo a sorte cooperarem, ótimo! Mas, nem sempre é assim.

Alguns incidentes da vida podem apagar um sonho ou outro. Mas, independente das circunstâncias, muitos sonhos se perdem por absoluta falta de confiança, determinação e trabalho. Nossos sonhos podem, sim, se transformar em metas, em projetos, em aspirações e ideais. E o que faz mesmo diferença é exatamente a confiança, o empenho e a determinação em busca de realizações.

Usar uma diferença funcional como justificativa para não sonhar não cola, pois sua plena capacidade de sonhar e realizar está intacta em algum lugar aí dentro de você. A vida quer dar muito mais a você. E ela pergunta todos os dias: Qual é o seu sonho?

2 comentários:

Anônimo disse...

Ray, todos nós devemos sonhar. Acho que todos os dias devemos perguntar: qual é o nosso sonho? Acho que é isso que nos faz seguir adiante. Muitas pessoas têm diversas desculpas para não sonhar. Adorei este post.

Michel disse...

Olá! É interessante perceber que algumas pessoas pensam que nós, que temos alguma diferença funcional, não temos ou não podemos ter sonhos. É interessante notar também, que muitas pessoas acreditam que nossos sonhos se restringem a poder um dia recuperar alguma coisa que nos falta, ou, até mesmo, como é o meu caso, poder ver um dia. Já cheguei a ter esse sonho como prioridade. Mas hoje, percebendo que as portas estão se abrindo, percebendo que há tantas outras maneiras de se viver a vida, deixei de tê-lo como prioridade. Ainda sonho em ver um dia, mas sei que isso não depende de mim. Então, prefiro correr atrás daquilo que me faz feliz, daquilo que eu sei que posso conquistar. Abraço!